Cada, 48 páginas, 12 x 18cm, brochura, em papel Pólen Bold (miolo) e Reciclato (capa).
Valor: R$20,00.
Pedidos apenas pelo e-mail: bn.brum@gmail.com
Sobre o livro:
por Amarildo Anzolin
[Amarildo Anzolin é poeta, compositor, roteirista, radialista e produtor cultural. Publicou eu também (livro/CD, 2003), única coisa (livro/CD/vídeo, 2000), e os livros igual (1998) e co-lapso (1995).]
[Texto publicado no dia 01/12/2007,
por Ana Elisa Ribeiro
Há poucos dias, um grupo de escritores discutia quem são os novos (e jovens) romancistas mineiros. A questão é embaraçosa até para os bem informados plantonistas da cena literária. Se existir algum, dizia a atrevida roteirista, ainda não conheci. Quando se perguntavam por uma nova geração, certamente queriam dizer representantes que passaram os anos 1990 às voltas com computadores e literatura. Já o caso da poesia é bem outro. Há não apenas poetas revigoradores, mas também agitadores de um cenário até bem pouco acostumado aos mesmos nomes.
Mesmo entre os mais jovens, Bruno Brum desafina o coro e cria timbres muito particulares. O poeta faz o mais difícil de tudo: escrever de forma personalíssima a ponto de um texto seu poder ser reconhecido como só seu. Não apenas atravessado pela referência honrosa de fulano ou sicrano; nem porque tem este ou aquele acorde do poeta mais lido das suas prateleiras, mas porque já conseguiu, ainda no segundo livro, deixar no papel pistas inequívocas de sua autoria.
No primeiro livro, Mínima idéia, Bruno Brum brinca, talvez, mais com as imagens do que propriamente com as palavras. Autor dos textos e do projeto gráfico, conseguiu como resultado um livro cheio de detalhes tipográficos e arranjos de páginas. Naquela experiência de leitura, era possível arriscar que Bruno tivesse lido demais os concretistas de São Paulo ou escrito seus poemas todos à sombra de algum poeta meio artista gráfico. E são muitos, e talentosos. Mas neste Cada, que Bruno lança pelo selo Lira, o Laboratório Interartes Ricardo Aleixo, os poemas estão mais espaçosos do que os jogos de diagramação.
É comum encontrar uma página inteira dedicada a uma estrofe, quase um haikai, não fosse o jeito insolente dos versos. Para ter alguma mínima idéia da amplitude da poesia de Brum, as epígrafes vão de Chacal a Horácio, necessariamente nessa ordem. A seleção de textos e a seqüência em que eles estão dispostos não deixam dúvidas: trata-se de um livro editado, não apenas de um amontoado de liras sobrepostas, à espera de qualquer efeito de sentido.
Ímãs
Não há partes ou capítulos. Os poemas vêm meio avoados, parecendo colados com ímãs. Os primeiros versos são quase cálculos: “Da esquerda para a direita/ o primeiro está entre/ o zero e o um”, bem ao modo booleano de quem trabalha com editoração eletrônica. Mas os zeros e uns de Bruno Brum são sempre positivos. A pequena série “Os ursinhos cabulosos” merece menção especial. Não se parece com mais nada. Rebeca, a lesma lésbica, é narrada por um eu lírico lesmoliso. “Pensombra” é imagem sem precisar brincar com fontes e cores: “sempre que reparo/ minha sombra/ me ultrapassa/ se amarrota/ no entanto/ se a assopro”. Não resta dúvida de que o poeta faz galhofa até com a própria sombra. E se finge de triste, vez ou outra, como se numa levada levemente Pessoa: “Onde você estava no dia onze de agosto de mil/ novecentos e trinta e quatro?”. Será que ele quer mesmo resposta? Ou é poeta à procura da provocação?
Em 48 páginas, em formato quase de bolso, Bruno Brum deixa a “mínima idéia” no passado e faz de Cada um belo mostruário de poemas inteligentes, biscoitos finos de fato, sem ambigüidade.
[Ana Elisa Ribeiro é poeta e professora do Cefet-MG. Publicou Poesinha (1997) e Perversa (2003). É cronista do site Digestivo Cultural]
[Texto publicado no dia 11/11/2007,
no caderno Livros & Idéias, do jornal Gazeta de Alagoas]
Cada, o segundo livro de Bruno Brum, confirma a permanência e a resistência do diálogo com a vigorosa tradição verbivocovisual da poesia brasileira.
Na dança do intelecto, Bruno, que nasceu
– este – e outro
qualquer lugar alojado
em um terceiro e assim
por diante
talvez consista na pequena
variação de focos
que se deslocam de um
a outro ponto
situado ao longo
de determinada
extensão.
percorrendo o extremo contorno da treva
observam.”
Bruno apareceu com sua admirável coleção de poemas novos em folha, nos quais identifiquei, de cara, uma unidade poucas vezes vista em trabalhos de poetas de sua faixa geracional. Mais que concordar em emprestar a ele o prestígio nenhum das quatro letras a partir das quais mobilizo minha cada vez mais escassa vontade de diálogo, entendi que o LIRA só fará pleno sentido se funcionar como uma espécie de incubadora de projetos artísticos e culturais. Bruno Brum, com seu novo livro, me permite entender uma frase que me encafifa desde a adolescência: "só se dá força a quem já a possui". Bruno chegou com um livro praticamente pronto – da seleção dos textos ao primoroso projeto gráfico. (...) De mim ele só pode esperar o que tenho para dar a poetas como ele: nada. Ou "força" (na acepção que a tradição iorubá confere a este lindo vocábulo: axé). E agora é com vocês. Quem quiser conhecer alguma da melhor poesia que se tem feito no Brasil, hoje, não pode deixar de ler o novo conjunto de poemas (a todos os títulos superior ao bom Mínima idéia, livro de estréia do poeta-designer) reunido em Cada.
[Ricardo Aleixo, no blogue www.jaguadarte.blogspot.com]Gostei bastante do livro – dos poemas e também dos desenhos e do arranjo do livro. Se eu fosse assinalar os poemas de que gostei, acho que assinalaria a maior parte. Mas acho que na verdade o que interessa mais é o conjunto – um bom trabalho.
[Júlio Castañon Guimarães
Estou lendo o novo livro do poeta Bruno Brum. Um corpo emaranhado. Onde nada entra ou sai. Está tudo ali. Contido. Atado. Amarrado por humores. Mas sem nós. Sem nódoas. Tudo limpo. Com a excelência de uma poesia sofisticada, sem pedantismo. Tramas muito bem elaboradas. Estou dissecando o novo livro do poeta Bruno Brum. Um livro vivo. Sincero e estranho, feito um corpo. Poucos livros de poesia são assim. Um deleite. E é assim que eu o leio:
bruno boom. cada. vez que leio. bruno brumo. cada. vez que releio. bruno bruma. cada. vez que enleio. bruno rum. cada lâmina. bruno runa. cada verso. bruno bloom. cada risco. bruno rumo. cada ruído. bruno bumbo. cada bruno. bruno uno. cada. voz que leio. cada. voz que releio. cada. voz que enleio. cada página. cada rasgo. cada visgo. cada riso. cada ciso. cada veio. cada veia. cadavérico bruno. uno. um. único. bruno cadabrum. abracadabra bruno. bruno brada: cada.
[Marcelo Sahea
Pelo meu temperamento, curti mais a série Os Ursinhos Cabulosos. Me diverti com o nonsense, ritmo e musicalidade. Ótimas sacadas sacanas.
[Ademir Assunção
Abri-o de relance e lá me vejo. Me regozijo. Sorrio de uma orelha à outra. Seus poemas são certeiros. Oblíquos, no entanto. Na mosca por atalhos e todavias. Vamos
[Chacal
Deixei os livros de prosa de lado por uns tempos, tenho lido apenas poemas, autores novos e consagrados; por coincidência, na mesma semana, maravilhei-me com dois mineiros: Adélia Prado e o jovem Bruno Brum; ela do Poesia Reunida (São Paulo: Siciliano, 1999), ele do recém lançado Cada (Belo Horizonte: LIRA, 2007); ela, vocês conhecem muito bem; ele, vocês ainda ouvirão falar muitas vezes.
[Paulo Scott
Além da edição lindona, teus poemas são muito bons.
[Paulo de Toledo
Belo livro graficamente. Gostei. Agora, lerei com calma.
[Régis Bonvicino
Cada corre riscos. Pode haver elogio maior? E é na verdade uma simples constatação. O Cada é inquieto. Questiona por dentro. E tem alguns lances lancinantes...
[Francisco Kaq, por e-mail]
Lançamento do Cada, em Belo Horizonte, no dia 26/11/2007. Da esquerda para a direita: Bruno Brum, Nicolas Behr, Benedikt Wiertz e Ricardo Aleixo.